Uma Aplicação e um Desvio do Padrão em Atos 15 1
O autor de "Analysis & Response" usa a reunião dos obreiros líderes em Atos como base para criticar a comunhão e coordenação de cooperadores que resultou em A Obra de Publicação na Restauração do Senhor. Seu apelo para Atos 15 é falho. 2 Neste artigo vamos examinar:
- O padrão bíblico de Atos 15,
- A aplicação de Atos 15 por parte dos cooperadores em sua comunhão, e
- O desvio de Atos 15 por parte do autor na publicação de "Analysis & Response".
1. O Padrão Bíblico de Atos 15
Os fatos básicos acerca da narrativa de Atos 15 são os que seguem:
- Por causa dos problemas crescentes entre as igrejas a respeito do ensinamento de que a
circuncisão era um pré-requisito para salvação, Paulo e Barnabé, sob a direção dos irmãos com eles, foram a
Jerusalém para ter comunhão com os líderes ali (v. 2).
At 15:2-3a - [2] Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão. [3] Enviados, pois, e até certo ponto acompanhados pela 1igreja...
nota de rodapé 15:3 1 - A subida para Jerusalém por parte de Paulo, Barnabé e outros, foi o mover da igreja, não o mover deles mesmos como indivíduos. Eles não agiram de modo individualista, fora da igreja, mas corporativamente na igreja e com ela. Isso foi o mover do Corpo de Cristo.
- Porquanto, contrário à palavra de Paulo e Barnabé, alguns crentes da seita dos fariseus diziam
que a circuncisão era necessária para a salvação (v. 5), os apóstolos e presbíteros se reuniram para ponderar
sobre a questão (v. 6).
At 15:5 - Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés.
At 15:6 - Então, se 1reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão.
nota de rodapé 15:6 1 - Essa foi a única conferência realizada pelos apóstolos da igreja universal e pelos presbíteros da igreja local em Jerusalém. Esses dois grupos compunham os líderes no mover neotestamentário do Senhor na terra. A conferência não teve presidente; quem presidiu foi o Espírito (v. 28), o Cristo pneumático, a Cabeça da igreja (Cl 1:18) e o Senhor de todos (10:36). Havendo grande debate (v. 7) indica que todos na conferência tinham liberdade de falar. A decisão foi tomada com base (1) no testemunho compartilhado por Pedro (vv. 7-11), (2) nos fatos relatados por Barnabé e Paulo (v. 12), e (3) na palavra conclusiva dada por Tiago (vv. 13-21), que era o líder entre os apóstolos e presbíteros em Jerusalém (12:17; 21:18; Gl 1:19; 2:9)...
- Em sua reunião, os irmãos praticaram uma comunhão muito aberta. Depois de muita discussão,
Pedro falou (vv. 7-11), e por fim Paulo e Barnabé falaram acerca da obra que Deus estava fazendo entre os gentios (v.
12).
At 15:7a - Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra e lhes disse...
At 15:12 - E toda a multidão silenciou, passando a ouvir a Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios.
- Quando todos acabaram de falar (v. 13), Tiago, que era o líder entre os apóstolos e
presbíteros em Jerusalém naquela época, proferiu a decisão sobre aquela questão (vv. 13-21).
At 15:13 - Depois que eles terminaram, falou Tiago, dizendo: Irmãos, atentai nas minhas palavras.
At 15:19 - Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus.
- 5. Aquela decisão foi "publicada" na forma de declaração escrita e enviada às
igrejas por toda a região gentia, afirmando que os irmãos tinham "sido unânimes" nessa questão (vv.
22-31).
At 15:22a, 23a - [22] Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los, juntamente com Paulo e Barnabé, à Antioquia. (...) [23] Escrevendo, por mão deles...
At 15:25a - Pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo...
At 15:28a - Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...
Segundo o relato em "Analysis & Response", parece que antes de qualquer decisão ser tomada pelos cooperadores, cada irmão que foi consultado sobre alguma questão deve ter a mesma opinião. Em outras palavras, "Analysis & Response" substitui a unanimidade bíblica por unanimidade de opinião. Na prática, isso quer dizer que uma pessoa com opiniões fortes ou um pequeno grupo de obreiros poderia impedir que qualquer decisão fosse tomada a não ser que seus pontos de vista sejam não só levados em consideração, mas também adotados. Entretanto, isso não está de acordo com o padrão em Atos 15.
"Analysis & Response" cita a palavra do irmão Nee em Church Affairs, que Atos 15 "é o padrão aceito pela igreja nos últimos dois mil anos", mas não nos diz qual padrão está de acordo com a comunhão do irmão Nee. Na verdade, se ler o relato extenso do irmão Nee (The Collected Works of Watchman Nee, vol. 51, pp. 144-150), ele se encaixa nos cinco pontos que acabamos de descrever. Depois de muita discussão, aqueles irmãos de mais estatura espiritual expressaram sua opinião. Quando a orientação do Senhor, mediante o sentimento comum entre os irmãos que tinham autoridade mais elevada na obra, se tornou evidente, chegou-se a uma decisão. Nesse ponto, o irmão Nee diz:
Os outros irmãos então precisavam aprender a aceitar essa opinião. Assim, diz: "Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja" (v. 22). É assim que se lida com questões na igreja. (The Collected Works of Watchman Nee, vol. 51, p. 148) 3 [ênfase adicionada]
Baseado no padrão de medida de Atos 15, a maneira de comunhão aberta e muita oração, como é praticada pelos cooperadores na restauração do Senhor, mostra um vívido contraste com a maneira de discussão pública aventada pelo autor de "Analysis & Response" e outros.
2. A Aplicação de Atos 15 na Comunhão de Cooperadores
A declaração sobre uma única obra de publicação foi o resultado de muita comunhão e oração entre os cooperadores. Antes de sua morte, o irmão Lee estava muito preocupado sobre os irmãos que estavam edificando sua própria obra dentro da restauração do Senhor. Ele deu alguns passos no sentido de tentar mesclar aqueles irmãos e suas obras com os outros cooperadores. Desde aquela época, os cooperadores também tentaram adotar a mesma prática de mesclar. Há um tempo estabelecido antes e depois de cada uma das sete "festas" para os cooperadores se reunirem a fim de orar e ter comunhão sobre questões importantes na restauração do Senhor. Também tem havido muitas outras reuniões de cooperadores nesses anos. Nesses sete anos e meio desde a morte do irmão Lee, os cooperadores se reuniram para orar e ter comunhão por mais de oitenta vezes, muitas dessas vezes consistindo de múltiplas reuniões e muitas comunicações, principalmente relativas a problemas causados por ensinamentos diferentes divulgados por meio de obras de publicação separadas. O autor de "Analysis & Response" foi convidado para muitas dessas reuniões. Ele próprio admitiu que não se reuniu com os irmãos nesses últimos anos. Em outras palavras, os cooperadores entremesclados se reuniram de acordo com os princípios de Atos 15, mas ele, por sua própria escolha, não esteve presente.
A declaração na obra de publicação passou por nove rascunhos antes de ser publicada. Foi o tema de comunhões minunciosas entre os cooperadores numa série de reuniões em Anaheim, de 4 a 7 de abril de 2005, para as quais o autor de "Analysis & Response" foi convidado, mas não compareceu. Em parte por causa da ausência dos irmãos que discordavam do ensinamento e prática do irmão Lee na questão de ser restrito a uma obra de publicação, uma minuta revisada foi enviada para comentários a muitos irmãos ausentes. O autor de "Analysis & Response" estava entre os muitos obreiros que foram incluídos naquela emissão. Em 13 de junho de 2005, ele fez algumas contestações à declaração proposta. Muitos dos cooperadores responderam às suas preocupações, respostas que ele mesmo chamou de "úteis". Alguns ajustes menores foram feitos na declaração para esclarecer o sentimento dos irmãos sobre alguns dos pontos que ele havia levantado. Assim, os irmãos procuraram uma comunhão ampla e aberta para obter o sentimento dos obreiros em toda a restauração do Senhor.
Tendo ouvido a comunhão de todos os irmãos, os cooperadores líderes de todo o globo, novamente de acordo com Atos 15, seguiram a orientação do Espírito, confirmado pelo sentimento da vasta maioria de irmãos participantes da comunhão e que resultou na declaração de A Obra de Publicação na Restauração do Senhor. Numa carta datada de 27 de setembro de 2005, os cooperadores no sul da Califórnia revisaram o processo que todos os cooperadores tinham adotado para elaborar aquele documento:
Enquanto estávamos no estágio de comunhão para minutar uma declaração acerca da única obra de publicação no ministério do Senhor, buscou-se saber qual era o sentimento de muitos cooperadores por toda a terra. A comunhão oferecida por cada cooperador antes da publicação da declaração foi muito apropriada e recebida no Senhor. Depois de se considerar diversos comentários e sugestões, a minuta final foi elaborada para publicação e então distribuída durante o treinamento de verão, em julho de 2005, sob o título A Obra de Publicação na Restauração do Senhor. A declaração publicada contém a comunhão acerca da compreensão mesclada dos cooperadores sobre os princípios e orientações contidos na comunhão e escritos do irmão Lee sobre a obra de publicação na restauração do Senhor. A declaração também contém a própria palavra do irmão Lee sobre essa questão.
Nesse ponto, o autor de "Analysis & Response" deveria ter seguido o exemplo de Paulo e Barnabé em Atos 15. Como o irmão Lee enfatizou:
O registro em Atos 15 nos mostra o doce espírito do apóstolo Paulo durante a conferência ali. Ele falou pouco. Depois que Pedro disse algo, Paulo testificou aos queridos santos em Jerusalém, dizendo-lhes o que o Senhor estava fazendo por meio do seu ministério (vv. 7-12). Tiago então disse algo para concluir a conferência (vv. 13-21). Na verdade, não creio que a conclusão foi satisfatória para Paulo. Ele , entretanto, aceitou a decisão . Esse é um bom exemplo a seguirmos pois Paulo considerou que o Senhor tinha um só um Corpo . Tudo o que estavam fazendo ali estava debaixo de um mover único para executar o único ministério a fim de produzir o único Corpo que tem o único testemunho. (Treinamento de Presbíteros, Volume 4: A Prática da Restauração do Senhor, pp. 45-46) [ênfase adicionada].
O Desvio de Atos 15 na Publicação de "Analysis & Response"
Entretanto, o autor de "Analysis & Response", entre outros, escolheu não seguir o exemplo de Paulo e Barnabé. Em vez disso, os dissidentes expressaram oposição aberta à comunhão dos cooperadores entremesclados. Eles se retratam como defensores da verdade. Na verdade a disseminação de "Analysis & Response" é uma ofensa grave contra a unidade do Corpo e a autoridade do Senhor no Corpo. A "unanimidade" existente em Atos 15 não adveio da uniformidade de opiniões, mas do fato de todos os irmãos refugarem suas próprias opiniões e aceitarem a orientação do Espírito Santo por meio daqueles que exerciam a liderança no mover neotestamentário do Senhor. Sob essa luz, na verdade a resposta do autor de "Analysis & Response" à comunhão dos irmãos é que está em clara contradição ao padrão em Atos 15. Levando em consideração as palavras do irmão Nee sobre Atos 15 em Autoridade e Submissão:
Atos 15 registra uma grande conferência. Todos, seja velhos ou novos, tiveram liberdade para se levantar para falar. Cada irmão pôde falar. Mais tarde, Pedro e Paulo falaram. Então Tiago tomou a decisão. Pedro e Paulo deram os fatos; Tiago tomou a decisão. Houve um alinhamento mesmo entre os presbíteros e os apóstolos. Paulo disse que ele era o menor entre os apóstolos (1Co 15:9). Há até uma distinção entre os maiores e os menores entre os apóstolos. Isso não é uma questão de alguém nos alinhar, mas envolve conhecer nossa posição adequada. Esse é o mais belo testemunho e a figura mais bonita. Isso faz Satanás tremer e vai derrubar seu reino. Quando todos adotarmos o caminho da submissão, Deus julgará o mundo. (The Collected Works of Watchman Nee, vol. 47, p. 162) [ênfase acrescentada]
Como os cooperadores do sul da Califórnia afirmaram em sua carta :
O fato de um cooperador expressar qualquer discordância acerca da minuta de certa publicação antes de sua divulgação entre os santos na restauração do Senhor é algo totalmente apropriado e pode provir do Senhor, mas alguém atacar a publicação depois de extensa comunhão entre os cooperadores, e após a publicação ter sido divulgada, certamente não está no Senhor nem provem Dele. A maneira que alguns têm adotado vai frustrar, prejudicar e destruir certos princípios fundamentais que foram estabelecidos em nós na restauração do Senhor.
Muitos outros trechos dos ministérios de Watchman Nee e Witness Lee abordam os princípios estabelecidos em Atos 15 a respeito de manter a ordem adequada no Corpo de Cristo mediante comunhão, respeito pela liderança do Senhor sobre Sua igreja exercida por intermédio daqueles que detêm a autoridade, lidando com a própria opinião por intermédio da aplicação da cruz e cuidado pela unidade como o princípio mais elevado do Corpo.
A Aplicação de Atos 15
Podemos aplicar esse padrão a nós mesmos. Uma decisão não é tomada segundo a opinião da maioria. Em vez disso, quando a igreja se reúne, todos os irmãos e irmãs podem falar e debater. No final, os presbíteros tomam a decisão. Antes de a decisão final ser tomada, todos os irmãos podem falar. Pedro pôde falar; Paulo pôde falar. Paulo e Barnabé também puderam falar. Quando Tiago se expressou, chegou-se a uma decisão final.
A Decisão do Líder Espiritual é a Decisão do Espírito Santo
No versículo 19, Tiago tomou a decisão: "Pelo que, julgo eu..." Depois, no versículo 28, ele disse: "Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós." Essa opinião foi na verdade a decisão de Tiago. No fim, isso se tornou a decisão do Espírito Santo junto com toda a igreja. Por isso, vemos que a decisão do líder espiritual é a decisão do Espírito Santo. (The Collected Works of Watchman Nee, vol. 62, pp. 397, 399)
A situação em Atos 15 não foi nem democrática nem autocrática, mas foi uma situação como aquela que acabamos de descrever. Todos se abriram no Espírito Santo e tiveram comunhão sobre o que encontraram, o que sentiram e o que tinham observado. No fim, Tiago, que era a autoridade naquela época, depois de ouvir todas as palavras, levantou-se e afirmou a maneira pela qual deviam proceder. Imediatamente depois de Tiago ter-se levantado e falado, ninguém teve nada mais a dizer. Esse é o princípio da autoridade.
Os presbíteros devem saber o lugar em que o Senhor os colocou, seja como a autoridade ou sob autoridade. Eles devem saber em que ordem o Senhor os colocou, se como o primeiro ou segundo. Eles devem saber a ordem aqui. Conhecer a ordem é conhecer autoridade. Você tem de aceitar essa autoridade, senão, não haverá como os presbíteros serem coordenados juntos...
Isso não é tudo. Somente depois que os presbíteros forem quebrados é que não vão mais discutir ao debater sobre questões. Qualquer discussão é um sinal de rigidez. Um presbítero quebrado não tem argumentos; ele sabe em qual ordem foi colocado. Ele pode expressar seu sentimento de uma maneira séria, mas depois de falar, se o presbítero líder continua com sua decisão, ele é capaz de submeter-se a ela . Isso não significa que você não vai expressar seu sentimento quando aceitar a autoridade, nem quer dizer que ao expressar seu sentimento, você não está aceitando a autoridade. Todos têm de aprender a não ter argumentos e obedecer. Os líderes podem tomar decisões e atitudes erradas, mas se todos adotarem essa maneira haverá uma coordenação e bênção. Todos ainda são plenamente um e estão em harmonia. Todas as decisões e atitudes erradas podem ser facilmente corrigidas... (The Elders' Management of the Church, pp. 124, 127)
Todos os problemas na igreja podem e devem ser resolvidos por intermédio de comunhão adequada e apropriada, orando juntos sincera e cabalmente (At 15:1-31). A oração e comunhão adequadas, sem orgulho e interesse próprio, sob a luz da pura palavra das Escrituras, vão resolver todos os problemas em nosso meio e preservar-nos na unidade. (47 speakers, 1993 Blending Conference Messages Concerning the Lord's Recovery, p. 95)
O capítulo 15 de Atos nos diz que os crentes judaizantes desceram à Antioquia, que era a própria origem do ministério para o mundo gentio, e levaram problemas para lá (v. 1). Isso se tornou um verdadeiro dano para o ministério do Senhor, para o Seu Corpo e também para o Seu testemunho.
Paulo não podia tolerar a situação e não podia prosseguir com o ministério do Senhor para continuar o Seu testemunho entre os pagãos. Por isso, ele e Barnabé subiram a Jerusalém para ter comunhão a fim de resolver o problema. A decisão tomada na conferência em Jerusalém não deve ser satisfatória para os leitores e mestres da Bíblia, que conheçam a economia neotestamentária de Deus. A palavra conclusiva dada por Tiago, ainda estava sob a influência da lei mosaica, devido ao seu forte passado judaico. A influência do seu passado ainda permanecia, mesmo na época que Paulo fez sua última visita a Jerusalém (21:20-26). Um ponto, entretanto, ficou estabelecido em Jerusalém, e esse ponto é que o testemunho do Senhor é único, o Corpo do Senhor é único, o ministério do Senhor é único e o mover do Senhor é único. Se o mover, o ministério, o Corpo e o testemunho do Senhor não fossem únicos, Paulo não teria necessidade de ir até Jerusalém, e não teria sido necessário que eles que tomassem uma decisão de forma a englobar não apenas os crentes judeus, mas também os crentes gentios.
A decisão em Atos 15 não foi tomada meramente pela região judaica ou meramente pela região gentia. Na verdade, foi uma decisão que estava acima e além das regiões. Ela englobou todas as igrejas , quer judias, quer gentias. Isso não quer dizer que as igrejas da Judéia podiam guardar a lei e as do mundo gentio não precisavam. Também não quer dizer que as igrejas na Judéia davam um testemunho e as do mundo gentio davam outro. Não é como nos Estados Unidos, onde cada estado tem suas próprias leis. De acordo com o princípio básico da economia neotestamentária, a decisão tomada em Atos 15 não é satisfatória para nós. Entretanto, ninguém pode negar que foi estabelecido um princípio que englobou todas as igrejas. A constituição americana permite que cada estado tenha a suas próprias leis, mas a decisão tomada em Jerusalém não permitia que igrejas em diferentes regiões tivessem sua própria lei, o que vale dizer ter seu próprio testemunho. Precisamos ver isso. [ênfase adicionada] (Treinamento de Presbíteros, Volume 4: A Prática da Restauração do Senhor, pp. 35-37)
A Única Solução Tornando-se o Decreto para Todas as Igrejas
A única solução tomada em Jerusalém para o problema de circuncisão tornou-se um decreto para todas as igrejas guardar, tantos judias como gentias (At 15:1-31). Assim, com relação à questão da circuncisão, todas as igrejas deveriam ser iguais. Depois da divulgação de tal decreto, seria errado permitir que as igrejas judaicas mantivessem a prática da circuncisão enquanto as igrejas gentias não a observassem. Não devemos esquecer-nos que na igreja, no novo homem, não há diferença entre gregos e judeus porque no novo homem, Cristo é cada membro (Cl 3:11). A única solução a respeito do problema da circuncisão era boa para todas as igrejas, tornando-as todas iguais . [ênfase acrescentada]
Os judaizantes, os crentes judeus, não somente ressaltavam a prática da circuncisão, mas também diziam que ela era um requisito para a salvação (v. 1). Isso era uma grande heresia. Muita dissensão e discussão se levantaram entre os crentes judeus e aqueles que estavam na fé adequada (vv. 2-5). Esse problema foi resolvido por Paulo e Barnabé e determinados irmãos entre os crentes que foram de Antioquia a Jerusalém para ter uma conferência com os apóstolos e os presbíteros ali (v. 2). A Bíblia nos mostra que quando uma questão como essa se levanta, os líderes precisam reunir-se para ter uma conferência, para esclarecer tudo de maneira aberta. O problema em Atos 15 foi resolvido por Paulo e Barnabé subindo a Jerusalém, tendo uma conferência com os apóstolos e presbíteros lá, e, mediante uma comunhão cabal, elaboraram uma solução que satisfez todos os crentes em diferentes localidades, uma solução sobre a qual todas as igrejas se rejubilaram e pela qual foram confortados (vv. 2, 6-31). Essa é a maneira de resolvermos os problemas entre nós hoje. Creio que se desde o início os irmãos envolvidos em nosso meio tivessem um coração sincero, com uma motivação pura para reunir-se a fim de orar, estudar a Palavra e ter comunhão, suas preocupações seriam facilmente cuidadas. Entretanto, até agora, os irmãos têm evitado esse tipo de comunhão necessária. (The Intrinsic Problem in the Lord's Recovery Today and Its Scriptural Remedy, pp. 34, 43-44)
Notas:
1 "Analysis & Response" pergunta: "Divulgar uma 'Diretriz' é Bíblico?" Essa questão é em si mesma equivocada, da mesma forma como a discussão em "Analysis & Response" não se direciona a essa pergunta, mas ao fato de os princípios em Atos 15 terem sido praticados ou não, que é sobre o que esse artigo se dirige nesta edição.
2Esse artigo aborda apenas o erro de "Analysis & Response" ao retratar a prática dos cooperadores como sendo contrária à de Atos 15. Não aborda a deturpação da comunhão dos cooperadores apontada como sendo uma "declaração política" por parte daquele autor, nem as complicações de uma estrutura organizacional que implicam em denominações. Na verdade, a declaração não foi, nem por um pouco, política oficial, mas uma repetição da comunhão do irmão Lee acerca de ter somente uma obra de publicação como meio prático de manter a unidade entre as igrejas na restauração do Senhor por intermédio de um soar claro da trombeta mediante o ministério do Senhor (ver Há Base Bíblica para "Uma Única Publicação"?).
Também não aborda a diferença significativa entre os tipos de questões que foram abordadas em Atos 15 e a comunhão dos cooperadores. O tema da comunhão dos apóstolos em Atos 15 foi uma questão crucial da fé relacionada com a heresia acerca da maneira da salvação de Deus. Em contraste, a comunhão mesclada dos cooperadores em A Obra de Publicação na Restauração do Senhor é a declaração do sentimento coletivo acerca da melhor maneira de levar a cabo a obra do ministério na restauração do Senhor. Conseqüentemente, a declaração dos cooperadores respeita o fato de que a divulgação de uma única publicação não é uma questão de fé cristã e, portanto, não deve ser imposto como padrão para receber os santos ou reconhecer igrejas. (ver o artigo intitulado "Uma Única Publicação é um item da 'especialidade' ou 'generalidade'"?).
3Existem muitas impressões de Church Affairs afora da Collected Works; os números das páginas naquelas impressões são diferentes.